E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
1. Introdução
Gênesis 2:23 marca o primeiro registro de fala humana nas Escrituras — e não é uma ordem, nem uma queixa, mas um poema. Adão, ao ver a mulher pela primeira vez, rompe o silêncio com uma exclamação de reconhecimento e maravilhamento: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne.” É uma declaração de identidade compartilhada, de unidade essencial e de profunda conexão.
Esse versículo não apenas descreve a origem da mulher, mas revela a intenção divina para o relacionamento humano: comunhão, igualdade e reciprocidade. A mulher não é criada do pó, como o homem, mas de sua costela — não da cabeça para dominá-lo, nem dos pés para ser pisada, mas do lado, para estar ao seu lado; debaixo do braço, para ser protegida; perto do coração, para ser amada.
A expressão “será chamada mulher” (hebraico: ishah) porque “do homem foi tomada” (ish) revela um jogo de palavras que aponta para a complementaridade. Não se trata de inferioridade ou subordinação, mas de origem comum e destino compartilhado.
Gênesis 2:23 é, portanto, mais do que um relato de criação — é uma afirmação poética da dignidade da mulher, da beleza da união e da visão divina para o relacionamento humano. É o início da história do amor, da aliança e da interdependência.
2. Contexto Histórico e Cultural
O versículo de Gênesis 2:23 pertence à segunda narrativa da criação, distinta da de Gênesis 1. Enquanto o primeiro relato apresenta uma ordem cósmica e universal, o segundo é mais íntimo, centrado na formação do ser humano e na relação entre homem e mulher. Essa narrativa reflete uma tradição mais antiga e próxima da cultura semita do sul de Canaã, com forte influência das cosmovisões mesopotâmicas e egípcias.
No mundo antigo, especialmente no Oriente Próximo, a criação da mulher a partir do homem era uma forma de expressar unidade essencial e interdependência. A ideia de que a mulher foi formada da costela do homem não deve ser lida como inferioridade, mas como proximidade — a costela protege o coração, está no centro do corpo, e simboliza intimidade e igualdade. Essa imagem contrasta com outras mitologias da época, nas quais a mulher era criada de forma secundária ou subordinada.
O uso do termo hebraico ishah (mulher) derivado de ish (homem) é um jogo de palavras que não tem paralelo direto em outras línguas antigas. Isso sugere uma intenção literária e teológica específica: mostrar que, embora distintos, homem e mulher compartilham uma mesma essência. Essa construção linguística reforça a ideia de complementaridade e parceria, em vez de hierarquia.
Culturalmente, o ato de nomear também carrega peso. No Antigo Oriente, dar nome a algo ou alguém era um ato de reconhecimento e, muitas vezes, de autoridade. No entanto, aqui, o nome “mulher” não é imposto com dominação, mas proclamado com admiração e reconhecimento: Adão vê nela a si mesmo, refletido e completado.
Além disso, o contexto social da época valorizava alianças e parcerias como base para a sobrevivência e prosperidade. A união entre homem e mulher era vista não apenas como reprodutiva, mas como estrutural para a sociedade. Gênesis 2:23, portanto, não apenas descreve a origem da mulher, mas estabelece o fundamento teológico e cultural do casamento como uma união de iguais, marcada por unidade, intimidade e missão compartilhada.
3. Análise Teológica do Versículo
“Então disse Adão”
Essa é a primeira fala registrada de um ser humano na Bíblia — e ela inaugura a linguagem como veículo de reconhecimento e comunhão. A resposta de Adão à criação da mulher não é racional, mas poética. Ele reconhece nela algo de si mesmo, como quem encontra o reflexo da própria essência. A fala de Adão revela que a linguagem nasce para o encontro e a relação — ele fala porque vê o outro.
“Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne”
Essa expressão revela uma unidade profunda entre homem e mulher. Não é uma relação de dominação, mas de identidade compartilhada. A mulher não é uma extensão inferior, mas uma parte integral do próprio homem — sinalizando igualdade e conexão vital. Essa imagem antecipa o conceito bíblico de “uma só carne” no casamento (Gn 2:24), e também simboliza a união espiritual entre Cristo e a Igreja (Ef 5:30–32). É uma linguagem de aliança, de pertencimento mútuo e de intimidade sagrada.
“Ela será chamada mulher”
O ato de nomear, no contexto do Antigo Oriente Próximo, carrega o sentido de reconhecimento e responsabilidade. Adão não “dá um nome” com autoridade hierárquica, mas nomeia com admiração — como quem compreende que a mulher é sua correspondente. O termo hebraico ishah (mulher) está intimamente ligado a ish (homem), indicando origem comum e vínculo essencial. Isso reflete o plano divino de papéis complementares, onde homem e mulher se definem em relação ao outro e a Deus.
“Porque do homem foi tomada”
Essa declaração explica a origem da mulher, não como uma adição ou solução de última hora, mas como uma resposta divina à necessidade relacional do ser humano (Gn 2:18). A costela, como símbolo, comunica proximidade e proteção — o lugar de onde ela foi retirada fala de parceria e não de subserviência. Esse gesto aponta para o mistério do amor sacrificial, onde um se entrega para que o outro exista, antevendo o Cristo que se entregaria pela Igreja (Ef 5:25).
4. Pessoas, Lugares e Eventos
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Adão O primeiro homem criado por Deus, que reconhece a mulher como parte de si mesmo — num ato de descoberta e exultação.
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Eva A primeira mulher, formada a partir da costela de Adão — sinalizando unidade, igualdade e parceria.
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Jardim do Éden O ambiente ideal onde ocorre esse encontro, representando harmonia entre Deus, a criação e os seres humanos.
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Criação da Mulher Evento que revela a intenção divina de complementaridade, dando origem ao princípio de aliança conjugal e mútua ajuda.
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Nomeação da Mulher A ação de Adão ao chamá-la “mulher”, reconhecendo sua identidade, origem e ligação inseparável com ele mesmo.
5. Pontos de Ensino
Unidade no Casamento
A expressão “osso dos meus ossos e carne da minha carne” aponta para a unidade profunda e indivisível que deve existir entre marido e esposa. Essa é a base da intimidade e da confiança.
Igualdade e Complementaridade
A criação da mulher a partir do homem revela igualdade de valor, mas também a beleza das diferenças que se complementam no propósito de Deus.
Identidade e Propósito
Reconhecer quem somos em relação a Deus e ao outro é essencial. Assim como Eva foi definida por sua ligação com Adão, nossa identidade se firma no nosso Criador e na nossa vocação comunitária.
A Importância do Nomear
Na Bíblia, nomear é reconhecer. Adão nomeia com reverência, não com dominação. Isso nos ensina a valorizar o outro em sua dignidade e chamado.
Reflexo da Imagem de Deus
Homem e mulher, como portadores da imagem divina, são chamados a manifestar em seus relacionamentos o amor, o respeito e a unidade que refletem o caráter de Deus.
6. Aspectos Filosóficos
1. A linguagem como revelação do outro
A primeira fala humana na Bíblia é um poema. Isso não é acidental. Filosoficamente, isso sugere que a linguagem nasce do encontro — não da necessidade, mas da admiração. Adão vê a mulher e, diante da alteridade que reflete sua própria essência, ele fala. Emmanuel Levinas diria que o rosto do outro nos convoca à responsabilidade. Aqui, o “outro” é carne da mesma carne — e isso inaugura a ética da relação.
2. A identidade construída na relação
Adão reconhece a mulher como parte de si. Isso revela que a identidade humana não é autossuficiente, mas relacional. O ser humano se compreende no espelho do outro. A filosofia do personalismo cristão, como em Karol Wojtyła (João Paulo II), afirma que a pessoa só se realiza plenamente no dom de si. Gênesis 2:23 antecipa essa verdade: o homem só se entende quando encontra alguém com quem compartilhar sua essência.
3. Unidade sem fusão, diferença sem hierarquia
A mulher é “tomada” do homem, mas não é sua cópia nem sua sombra. Ela é semelhante, mas distinta. Isso aponta para uma filosofia da alteridade que não anula a diferença, mas a celebra. A verdadeira comunhão não exige uniformidade, mas reconhecimento mútuo. A relação entre homem e mulher, aqui, é de reciprocidade, não de dominação — um antídoto contra visões reducionistas de gênero.
4. O corpo como linguagem da comunhão “
Osso dos meus ossos, carne da minha carne” é uma linguagem corporal. O corpo, na visão bíblica, não é obstáculo à espiritualidade, mas meio de revelação. A filosofia cristã do corpo, como desenvolvida por Hans Urs von Balthasar e mais tarde por John Paul II, vê o corpo como sacramento da pessoa. Aqui, o corpo da mulher revela ao homem algo que ele ainda não sabia sobre si mesmo: que foi feito para o encontro.
5. A nomeação como ato de reconhecimento, não de poder
Adão chama a mulher de “ishah”, não para dominá-la, mas para reconhecê-la. Nomear, neste contexto, é um gesto de admiração e vínculo. Isso desafia a ideia de que nomear é sempre exercer poder. Aqui, é um ato de comunhão. A filosofia da linguagem, especialmente em Paul Ricoeur, nos lembra que nomear é interpretar — e toda interpretação é também um ato de acolhimento.
7. Aplicações Práticas
1. Valorize a identidade do outro
Adão não viu apenas um “alguém” diante dele — viu parte de si mesmo. Essa percepção nos ensina a reconhecer a humanidade e a dignidade no outro. Marido e esposa, amigos, irmãos em Cristo — todos somos feitos da mesma substância, e o respeito nasce dessa consciência.
2. Viva relacionamentos de reciprocidade, não de posse
A mulher foi tirada do lado de Adão, não de cima ou de baixo. Isso nos ensina que relacionamentos saudáveis se baseiam em parceria, e não em hierarquia. O outro não é propriedade, mas presente.
3. Use suas palavras para edificar
A primeira fala humana registrada é um cântico de exaltação, não de crítica. Isso nos desafia a usar a palavra como ponte e louvor, não como ferida. O que dizemos revela o que vemos — e o que vemos depende do quanto reconhecemos a imagem de Deus nos outros.
4. Reconheça a comunhão como dom divino
O texto mostra que a solidão do ser humano é algo que o próprio Deus quis suprir. Relacionamentos profundos, como o casamento, são uma resposta divina ao nosso anseio por comunhão. Não são construções humanas, mas vocações sagradas.
5. Aproxime-se com admiração, não com exigência
Adão não exige, ele exulta. Não reclama, ele reconhece. Essa postura nos convida a cultivar gratidão pelas pessoas ao nosso redor, a contemplar antes de criticar, a honrar antes de reivindicar. O amor começa com o assombro humilde.
8. Perguntas e Respostas Reflexivas
1. Como a criação da mulher a partir do homem em Gênesis 2:23 informa nosso entendimento sobre o relacionamento entre homens e mulheres hoje?
A criação da mulher a partir do homem revela uma origem comum, não uma hierarquia. Isso nos ensina que o relacionamento entre homem e mulher deve ser baseado em parceria, respeito mútuo e interdependência. Essa visão corrige tanto a subjugação quanto a rivalidade, convidando-nos a viver relações de reciprocidade e dignidade compartilhada.
2. De que maneiras a unidade descrita em Gênesis 2:23 desafia as visões modernas sobre casamento e relacionamentos?
Na sociedade moderna, relacionamentos são frequentemente marcados por individualismo, contratos frágeis ou busca de interesses próprios. Gênesis 2:23 apresenta o casamento como uma unidade essencial e indissolúvel — “osso dos meus ossos, carne da minha carne.” Essa linguagem desafia superficialidades e chama à aliança, ao compromisso profundo e à intimidade como vocação sagrada.
3. Como o conceito de “osso dos meus ossos e carne da minha carne” pode ser aplicado, de forma prática, para fortalecer relacionamentos matrimoniais?
Significa reconhecer o cônjuge como parte de si mesmo — não como adversário, mas como extensão do próprio ser. Na prática, isso se traduz em empatia, escuta, perdão, proteção mútua e prioridade no cuidado. O que afeta o outro, afeta a mim. Por isso, cultivar essa consciência fortalece o laço conjugal e renova o pacto diariamente.
4. O que o ato de nomear em Gênesis 2:23 nos ensina sobre a importância de identidade e propósito em nossas vidas?
Adão nomeia a mulher como quem reconhece sua essência e lugar. Isso mostra que identidade e propósito são revelados no encontro com o outro e com Deus. Cada pessoa carrega um nome espiritual — um chamado, um valor. Quando reconhecemos isso em nós e nos outros, afirmamos nossa vocação e construímos relações saudáveis.
5. Como podemos, como indivíduos e como Igreja, refletir melhor a unidade e igualdade descritas em Gênesis 2:23 em nossas comunidades e relacionamentos?
Valorizando a dignidade de cada pessoa, sem distinção de gênero, status ou origem. Isso inclui promover respeito mútuo, escuta sensível, liderança compartilhada e espaço para todos exercitarem seus dons. Como Igreja, somos chamados a espelhar a harmonia do Éden — onde cada um é reconhecido como parte do corpo e como portador da imagem de Deus.
9. Conexão com Outros Textos
Gênesis 1:27
“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
Esse versículo estabelece desde o princípio a igualdade ontológica entre homem e mulher. Ambos refletem a imagem de Deus em sua totalidade. Gênesis 2:23 detalha essa criação, revelando que essa igualdade se expressa em unidade e complementaridade. O reconhecimento de Adão em Gênesis 2 ecoa a declaração criativa de Deus em Gênesis 1.
Efésios 5:28-31
“Assim devem os maridos amar a suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher ama a si mesmo... Porque somos membros do seu corpo. Por isso deixará o homem seu pai e mãe...”
Paulo cita diretamente Gênesis 2:24 para fundamentar o amor conjugal como expressão da união entre Cristo e a Igreja. Aqui, a imagem do casamento ganha uma dimensão cristológica: o mesmo amor sacrificial de Cristo é o modelo para o marido, e a resposta amorosa da Igreja é o modelo para a esposa. O versículo de Gênesis torna-se, assim, protótipo da aliança redentora.
1 Coríntios 11:8-12
“Porque o homem não foi feito da mulher, mas a mulher do homem. [...] No Senhor, todavia, nem a mulher é sem o homem, nem o homem sem a mulher.”
Apesar de partir da ordem criacional, Paulo enfatiza a interdependência entre os sexos no Senhor. Gênesis 2:23 é a semente dessa verdade — a mulher vem do homem, mas o homem nasce da mulher — e ambos vêm de Deus. A mutualidade e a honra são marcas da nova criação em Cristo.
Mateus 19:4-6
“Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez homem e mulher e disse: ‘Por esta razão deixará o homem pai e mãe’...? Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.”
Jesus reafirma a santidade e permanência do casamento com base na criação original. Ele cita Gênesis 1:27 e 2:24 como autoridade máxima sobre o propósito do matrimônio. A poesia de Adão se torna fundamento doutrinário para Jesus — a união é divina, inquebrável e sagrada.
10. Original Hebraico e Análise Palavra por Palavra
Versículo em Português (ACF):
“E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.” (Gênesis 2:23)
Texto Hebraico:
וַיֹּאמֶר הָאָדָם זֹאת הַפַּעַם עֶצֶם מֵעֲצָמַי וּבָשָׂר מִבְּשָׂרִי לְזֹאת יִקָּרֵא אִשָּׁה כִּי מֵאִישׁ לֻקֳחָה־זֹּאת׃
Transliteração:
Vayyómer ha’adam: zōt happa‘am, ‘éṣem mē‘aṣāmay ûvāsār mibśārî; le’zōt yiqqāre’ isháh, kî mē’îsh luqqăḥāh zōt.
Análise Palavra por Palavra
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וַיֹּאמֶר (vayyómer) – “E disse”: forma narrativa do verbo “dizer”, marcando a primeira fala humana na Bíblia.
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הָאָדָם (ha’adam) – “o homem”: refere-se a Adão, com o artigo definido.
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זֹאת (zōt) – “esta”: pronome demonstrativo feminino com ênfase de admiração.
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הַפַּעַם (happa‘am) – “desta vez” ou “agora sim”: expressão de reconhecimento e alívio.
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עֶצֶם מֵעֲצָמַי (‘éṣem mē‘aṣāmay) – “osso dos meus ossos”: expressa unidade essencial e profunda identificação.
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וּבָשָׂר מִבְּשָׂרִי (ûvāsār mibśārî) – “carne da minha carne”: acentua a dimensão emocional e corporal da conexão.
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לְזֹאת (le’zōt) – “a esta”: introduz a identidade da mulher, com ênfase particular.
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יִקָּרֵא (yiqqāre’) – “será chamada”: verbo na voz passiva, indicando nomeação com base em essência.
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אִשָּׁה (isháh) – “mulher”: feminino de ish (homem), formando o jogo de palavras hebraico que expressa relação e origem comum.
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כִּי (kî) – “porque”: conjunção explicativa que introduz o motivo do nome dado.
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מֵאִישׁ (mē’îsh) – “do homem”: indica procedência, sem indicar hierarquia.
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לֻקֳחָה (luqqăḥāh) – “foi tomada”: voz passiva, reforçando que é obra de Deus, não iniciativa humana.
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זֹּאת (zōt) – “esta”: o pronome é repetido, encerrando o verso com ênfase na mulher como dom reconhecido e acolhido.
11. Conclusão
Gênesis 2:23 é mais do que uma descrição da criação da mulher — é uma declaração teológica sobre unidade, identidade e comunhão. É poético, porque vem do coração do primeiro homem ao encontrar, finalmente, alguém que lhe corresponde em essência e profundidade.
Adão não se refere à mulher como algo externo, mas como “osso dos meus ossos, carne da minha carne”. Essa linguagem revela que, na concepção divina, o ser humano só é pleno em relação — com o outro e com Deus. Essa é a raiz do amor, da empatia e do compromisso.
O nome “mulher” (isháh) nasce do reconhecimento de um vínculo — não de domínio, mas de origem compartilhada. E o fato de ela ter sido formada da costela, e não do pé nem da cabeça, ecoa uma profunda mensagem de igualdade na dignidade e complementaridade nos papéis.
Este versículo nos convida a olhar para nossos relacionamentos com reverência: o outro é parte de mim. No casamento, isso se manifesta no cuidado mútuo; na comunidade, na edificação mútua; e diante de Deus, na consciência de que fomos feitos para amar como Ele ama.
No fim, Gênesis 2:23 é uma celebração da alteridade reconciliada. É o início de uma história em que comunhão é mais que convivência — é vocação. Deus criou o ser humano para ser um com o outro, e com Ele.