Mateus 4:5


Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 

1. Introdução

Mateus 4:5 apresenta a segunda tentação de Jesus no deserto, onde Satanás O transporta para a cidade santa e O coloca sobre o pináculo do templo. Esse evento ocorre logo após Jesus ter resistido à primeira tentação, na qual o diabo tentou induzi-Lo a transformar pedras em pão. Agora, Satanás muda de estratégia, tentando levar Jesus a testar a proteção divina de forma imprudente.

Esse versículo é significativo porque:

  1. O local da tentação é Jerusalém, o centro espiritual do judaísmo, reforçando o peso simbólico do evento.

  2. O pináculo do templo representa um lugar de grande visibilidade e poder, sugerindo que Satanás queria que Jesus realizasse um ato espetacular para provar Sua identidade.

  3. A tentação envolve orgulho e autopromoção, desafiando Jesus a demonstrar Sua filiação divina de maneira pública e dramática.

  4. Satanás manipula a Escritura, tentando distorcer a Palavra de Deus para justificar um ato irresponsável.

Essa passagem nos ensina que nem toda oportunidade de exaltação vem de Deus e que a verdadeira confiança no Pai não exige provas externas. Jesus, ao resistir, demonstra que Sua missão não é baseada em reconhecimento humano, mas na obediência à vontade de Deus.

Além disso, essa tentação reflete um padrão comum na vida dos crentes: a pressão para provar nossa fé de maneira imprudente ou para buscar reconhecimento e validação externa. Jesus nos mostra que a verdadeira confiança em Deus não precisa de demonstrações espetaculares, mas se manifesta na obediência e na humildade.

2. Contexto Histórico e Cultural

Mateus 4:5 ocorre em um contexto profundamente enraizado na tradição judaica e na história bíblica. A segunda tentação de Jesus acontece em Jerusalém, a cidade santa, e no pináculo do templo, um local de grande significado espiritual e cultural.

Jerusalém – A Cidade Santa

A referência à "cidade santa" indica Jerusalém, o centro religioso e político do judaísmo. Na época de Jesus, Jerusalém era o local do Templo de Herodes, que servia como o coração da adoração judaica.

  • Jerusalém era vista como o lugar onde Deus habitava e onde os sacrifícios eram oferecidos.

  • A cidade era o destino das peregrinações judaicas, especialmente durante as festas religiosas.

  • O templo era um símbolo da aliança entre Deus e Israel, tornando essa tentação ainda mais significativa.

O Pináculo do Templo – Um Lugar de Grande Visibilidade

O "pináculo do templo" refere-se a um ponto elevado na estrutura do templo, possivelmente a parte sudeste, que ficava acima do Vale do Cedrom.

  • Esse local era extremamente alto, e qualquer pessoa que caísse dali sofreria uma queda fatal.

  • Era um ponto de grande visibilidade, onde um ato dramático seria visto por muitos.

  • Alguns estudiosos sugerem que esse era o local onde os sacerdotes anunciavam o início dos períodos de oração.

A Tentação no Contexto Judaico

A tentação de Jesus nesse local tem um significado profundo:

  1. Testar a proteção divina – Satanás desafia Jesus a se lançar do templo, citando o Salmo 91 para sugerir que Deus enviaria anjos para protegê-Lo.

  2. Buscar reconhecimento público – Se Jesus saltasse e fosse salvo, isso poderia ser visto como uma prova espetacular de Sua identidade messiânica.

  3. Manipular a fé – A tentação envolve usar a fé de maneira imprudente, forçando Deus a agir em um milagre desnecessário.

O Contexto Histórico do Evangelho de Mateus

Mateus escreveu seu evangelho para um público judeu, enfatizando como Jesus cumpria as profecias do Antigo Testamento. A menção de Jerusalém e do templo reforça a conexão entre Jesus e a tradição judaica, mostrando que Ele não veio para desafiar a Lei, mas para cumpri-la.

Essa tentação reflete um padrão comum na vida dos crentes: a pressão para provar nossa fé de maneira imprudente ou para buscar reconhecimento e validação externa. Jesus nos mostra que a verdadeira confiança em Deus não precisa de demonstrações espetaculares, mas se manifesta na obediência e na humildade.

3. Análise Teológica do Versículo

Então o diabo o transportou

Essa frase indica um evento sobrenatural, onde Jesus é levado pelo diabo, sugerindo uma permissão temporária para a influência de Satanás com o propósito de teste. Isso se alinha com o tema bíblico de Deus permitindo provações para o crescimento espiritual e revelação, como visto em Jó 1:12. O papel do diabo como tentador é consistente com sua representação ao longo das Escrituras, como em Gênesis 3:1-5.

À cidade santa

A "cidade santa" refere-se a Jerusalém, um local central na vida religiosa e histórica judaica. Jerusalém é significativa por ser o local do templo, o centro da adoração judaica, e a cidade onde muitos eventos-chave da vida e ministério de Jesus ocorrem. Ela também é profetizada no Antigo Testamento como o lugar onde o Messias teria um papel significativo (Zacarias 9:9).

E colocou-o sobre o pináculo do templo

O "pináculo do templo" provavelmente se refere ao ponto mais alto do complexo do templo, possivelmente o canto sudeste, que dava para o Vale do Cedrom. Esse local teria sido um ponto de grande visibilidade, simbolizando um teste da confiança de Jesus em Deus e em Sua missão.

O templo em si é um tipo de Cristo, representando a presença de Deus entre Seu povo. Mais tarde, Jesus se refere ao Seu próprio corpo como o templo (João 2:19-21). O desafio do diabo aqui não é apenas físico, mas espiritual, questionando a identidade e a missão de Jesus.

4. Pessoas, Lugares e Eventos

  1. O Diabo O adversário de Deus e da humanidade, também conhecido como Satanás, que tenta Jesus no deserto.

  2. Jesus O Filho de Deus, que está sendo tentado pelo diabo durante Seu tempo no deserto.

  3. A Cidade Santa Refere-se a Jerusalém, um local central de adoração e significado na história e profecia judaica.

  4. O Pináculo do Templo Um ponto elevado no templo de Jerusalém, simbolizando um lugar de autoridade religiosa e visibilidade pública.

5. Pontos de Ensino

Compreendendo a Tentação

Reconheça que a tentação muitas vezes vem de formas sutis, até mesmo usando Escrituras fora de contexto, como o diabo fez com Jesus.

A Importância das Escrituras

A resposta de Jesus à tentação destaca a necessidade de conhecer e aplicar corretamente a Palavra de Deus em nossas vidas.

Guerra Espiritual

Essa passagem nos lembra da realidade da batalha espiritual e da necessidade de estar vigilante e preparado, assim como Jesus estava.

O Papel de Jerusalém

A cidade santa representa não apenas um local físico, mas também um campo de batalha espiritual, destacando a importância dos nossos "lugares" espirituais ou estados de fé.

Confiança na Proteção de Deus

Embora o diabo tenha distorcido a Escritura para tentar Jesus, a verdadeira mensagem do Salmo 91 é sobre confiar na proteção de Deus, e não testá-Lo de maneira imprudente.

6. Aspectos Filosóficos

Mateus 4:5 levanta questões filosóficas profundas sobre poder, identidade, livre-arbítrio e a natureza da tentação. A segunda tentação de Jesus pode ser analisada sob diversas perspectivas filosóficas, explorando conceitos como orgulho, confiança em Deus e a relação entre fé e razão.

A Filosofia do Poder e da Exaltação

O diabo leva Jesus ao pináculo do templo, um local de grande visibilidade, sugerindo que Ele deveria se lançar para que Deus O salvasse. Essa tentação reflete um dilema filosófico sobre o uso do poder e a busca por reconhecimento.

Filósofos como Nietzsche argumentavam que o desejo de poder é uma força central na existência humana. No entanto, Jesus rejeita essa lógica, demonstrando que o verdadeiro poder não está na autopromoção, mas na submissão à vontade de Deus. Isso se alinha mais com a visão de Sócrates, que defendia que a virtude e a sabedoria devem guiar nossas ações, e não o desejo de glória.

Livre-Arbítrio e a Escolha Moral

A tentação de Jesus também pode ser vista como um teste de livre-arbítrio e escolha moral. Tomás de Aquino argumentava que a verdadeira liberdade não está em fazer tudo o que se deseja, mas em escolher o que é correto.

Jesus, ao ser tentado, tem a opção de ceder ou resistir. Sua escolha de permanecer fiel à Palavra de Deus demonstra que a verdadeira liberdade está na obediência à verdade divina, e não na busca desenfreada por reconhecimento.

A Relação entre Fé e Razão

O diabo cita o Salmo 91, tentando usar a Escritura para justificar um ato imprudente. Isso levanta uma questão filosófica sobre a interpretação da fé e o uso da razão.

Agostinho argumentava que a fé deve ser acompanhada pela razão, e que testar Deus de maneira irresponsável não é um ato de fé, mas de arrogância. Jesus demonstra essa perspectiva ao recusar a tentação e responder com a Escritura corretamente interpretada.

A Tentação do Orgulho e da Autossuficiência

O desafio de Satanás envolve colocar Jesus em uma posição de exaltação pública, sugerindo que Ele deveria provar Sua identidade de maneira espetacular. Isso reflete um dilema filosófico sobre orgulho e autossuficiência.

Filósofos como Kierkegaard exploraram a ideia de que a verdadeira existência humana não se baseia na busca por reconhecimento externo, mas na relação com Deus. Jesus demonstra essa perspectiva ao rejeitar a necessidade de provar Sua identidade por meio de um ato dramático.

A Confiança em Deus sem Testá-Lo

A resposta de Jesus nos ensina que confiar em Deus não significa forçá-Lo a agir de acordo com nossos desejos. Isso se conecta com a filosofia de Pascal, que argumentava que a fé genuína não exige provas externas, mas se baseia na confiança interior.

Mateus 4:5, portanto, não é apenas um relato de um evento espiritual, mas também um exemplo de autodisciplina, ética do poder, livre-arbítrio e dependência de Deus, conceitos fundamentais na filosofia moral e existencial.

7. Aplicações Práticas

Mateus 4:5 nos ensina princípios fundamentais para a vida cristã, mostrando que a tentação pode envolver orgulho, autopromoção e a distorção da Palavra de Deus. Esse versículo tem aplicações diretas para o cotidiano dos crentes, ajudando-nos a fortalecer nossa fé e a viver de acordo com os ensinamentos de Cristo.

1. Não Testar a Deus de Maneira Imprudente

Satanás tenta induzir Jesus a se lançar do templo, citando o Salmo 91 para justificar um ato irresponsável. No entanto, Jesus nos ensina que confiar em Deus não significa forçá-Lo a agir conforme nossos desejos.

Aplicação prática:

  • Evite decisões impulsivas que coloquem sua fé à prova de maneira desnecessária.

  • Confie na proteção de Deus sem exigir sinais ou milagres para validar Sua presença.

  • Lembre-se de que a verdadeira fé se manifesta na obediência, não em demonstrações espetaculares.

2. Resistir à Tentação do Orgulho e da Autopromoção

O diabo sugere que Jesus prove Sua identidade de maneira pública e dramática. Isso reflete a tentação de buscar reconhecimento e validação externa.

Aplicação prática:

  • Não baseie sua identidade na aprovação dos outros, mas na sua relação com Deus.

  • Evite a necessidade de provar seu valor por meio de ações impulsivas ou exibicionistas.

  • Lembre-se de que a verdadeira grandeza está na humildade e na obediência a Deus.

3. Discernir o Uso Correto das Escrituras

Satanás cita a Bíblia, mas de forma distorcida, tentando justificar um ato imprudente. Isso nos ensina que nem toda interpretação da Escritura é correta.

Aplicação prática:

  • Estude a Bíblia profundamente para evitar interpretações erradas.

  • Busque orientação espiritual antes de tomar decisões baseadas em versículos isolados.

  • Lembre-se de que a Palavra de Deus deve ser usada para edificação, não para manipulação.

4. Confiar no Plano de Deus e no Tempo Certo

Jesus não cede à tentação de se exaltar prematuramente. Isso nos ensina que devemos confiar no tempo de Deus e não buscar atalhos para alcançar nossos objetivos.

Aplicação prática:

  • Espere pelo tempo de Deus em sua vida, sem tentar forçar situações.

  • Evite caminhos rápidos que prometem sucesso imediato, mas que podem comprometer sua fé.

  • Lembre-se de que Deus tem um plano perfeito, e nossa confiança deve estar Nele.

Mateus 4:5 nos lembra que a verdadeira fé não precisa de provas externas, mas se manifesta na confiança e na obediência a Deus. Ao aplicar esses princípios, podemos fortalecer nossa caminhada espiritual e viver de maneira mais alinhada com a vontade do Pai.

8. Perguntas e Respostas Reflexivas sobre o Versículo

1. Como o uso das Escrituras pelo diabo em Mateus 4:5-6 nos desafia a sermos criteriosos na compreensão da Bíblia?

O diabo cita o Salmo 91, tentando usar a Escritura para justificar um ato imprudente. Isso nos ensina que nem toda interpretação da Bíblia é correta e que devemos conhecer profundamente a Palavra para evitar distorções.

Reflexão:

  • Como podemos garantir que estamos interpretando a Bíblia corretamente?

  • Quais são os perigos de usar versículos isolados sem considerar o contexto?

2. De que maneiras podemos nos preparar para responder à tentação como Jesus fez, usando as Escrituras de forma eficaz?

Jesus responde à tentação com a Palavra de Deus, mostrando que o conhecimento bíblico é essencial para vencer desafios espirituais.

Reflexão:

  • Como podemos fortalecer nosso conhecimento das Escrituras?

  • Quais versículos podem ser úteis para resistir à tentação em momentos difíceis?

3. O que o cenário da cidade santa e o pináculo do templo nos ensinam sobre os lugares onde podemos enfrentar desafios espirituais?

Jerusalém e o templo eram símbolos de autoridade religiosa e espiritual, e a tentação ali sugere que os desafios espirituais podem ocorrer em ambientes de grande influência e visibilidade.

Reflexão:

  • Quais são os "lugares altos" em nossa vida onde podemos ser tentados a buscar reconhecimento ou poder?

  • Como podemos manter nossa humildade e dependência de Deus nesses momentos?

4. Como podemos aplicar as lições da tentação de Jesus em nossa vida diária, especialmente em situações onde nos sentimos testados?

Jesus nos ensina que nem toda oportunidade de exaltação vem de Deus e que a verdadeira confiança no Pai não exige provas externas.

Reflexão:

  • Como podemos discernir entre uma oportunidade legítima e uma tentação disfarçada?

  • Quais estratégias podemos usar para manter nossa fé firme diante dos desafios?

5. Reflita sobre um momento em que você enfrentou uma tentação semelhante à experiência de Jesus. Como você respondeu, e o que poderia fazer diferente à luz desta passagem?

Todos enfrentamos momentos em que somos tentados a buscar reconhecimento, testar nossa fé de maneira imprudente ou ceder ao orgulho.

Reflexão:

  • Como você lidou com essa situação?

  • O que poderia ter feito de forma diferente, seguindo o exemplo de Jesus?

Mateus 4:5 nos lembra que a verdadeira fé não precisa de provas externas, mas se manifesta na confiança e na obediência a Deus. Ao refletir sobre essas perguntas, podemos fortalecer nossa caminhada espiritual e viver de maneira mais alinhada com a vontade do Pai.

8. Reflexões sobre o Versículo

1. Como o uso das Escrituras pelo diabo em Mateus 4:5-6 nos desafia a sermos criteriosos na compreensão da Bíblia?

O diabo cita o Salmo 91, tentando justificar um ato imprudente. Isso nos ensina que nem toda interpretação da Bíblia é correta e que devemos conhecer profundamente a Palavra para evitar distorções. A Escritura deve ser interpretada dentro do seu contexto, sem ser usada para justificar ações irresponsáveis. O conhecimento bíblico sólido nos protege contra manipulações e falsas doutrinas.

2. De que maneiras podemos nos preparar para responder à tentação como Jesus fez, usando as Escrituras de forma eficaz?

Jesus responde à tentação com a Palavra de Deus, mostrando que o conhecimento bíblico é essencial para vencer desafios espirituais. Memorizar e meditar na Escritura fortalece a fé e ajuda a responder corretamente em momentos de provação. A oração e o jejum são ferramentas espirituais que preparam o coração para enfrentar desafios com sabedoria e discernimento.

3. O que o cenário da cidade santa e o pináculo do templo nos ensinam sobre os lugares onde podemos enfrentar desafios espirituais?

Jerusalém e o templo eram símbolos de autoridade religiosa e espiritual, e a tentação ali sugere que os desafios espirituais podem ocorrer em ambientes de grande influência e visibilidade. Muitas vezes, as maiores provações surgem em momentos de exposição pública, onde há pressão para agir de forma impulsiva ou buscar reconhecimento. A resposta de Jesus nos ensina que a verdadeira confiança em Deus não exige provas externas, mas se manifesta na obediência e na humildade.

4. Como podemos aplicar as lições da tentação de Jesus em nossa vida diária, especialmente em situações onde nos sentimos testados?

As lições da tentação de Jesus podem ser aplicadas à vida diária, especialmente em situações onde há pressão para tomar decisões precipitadas ou buscar validação externa. A resistência ao orgulho e à autopromoção fortalece a fé e mantém o foco na vontade de Deus. A confiança no plano divino permite que cada decisão seja tomada com sabedoria, sem ceder à necessidade de provar algo aos outros.

5. Reflita sobre um momento em que você enfrentou uma tentação semelhante à experiência de Jesus. Como você respondeu, e o que poderia fazer diferente à luz desta passagem?

Todos enfrentam momentos em que são tentados a buscar reconhecimento, testar sua fé de maneira imprudente ou ceder ao orgulho. Olhar para a resposta de Jesus ajuda a avaliar decisões passadas e fortalecer a confiança em Deus para escolhas futuras. A resistência à tentação aproxima o crente de Deus e ensina a depender Dele em todas as circunstâncias.

Mateus 4:5 nos lembra que a verdadeira fé não precisa de provas externas, mas se manifesta na confiança e na obediência a Deus. Ao refletir sobre essas lições, é possível fortalecer a caminhada espiritual e viver de maneira mais alinhada com a vontade do Pai.

9. Conexão com Outros Textos

Mateus 4:5 se conecta a várias passagens bíblicas que reforçam a importância do discernimento espiritual, a confiança em Deus e a resistência à tentação. Esses versículos ajudam a compreender melhor o significado da resposta de Jesus ao diabo e sua fidelidade ao Pai.

Salmo 91:11-12 – A Proteção de Deus e a Tentação de Satanás

"Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra." 

O diabo cita esse salmo durante a tentação de Jesus, tentando manipular a Escritura para justificar um ato imprudente. Esse salmo fala sobre a proteção divina para aqueles que confiam em Deus, mas Satanás distorce seu significado ao sugerir que Jesus deveria testar essa promessa de maneira irresponsável. A resposta de Jesus nos ensina que a verdadeira fé não exige provas externas, mas confia plenamente na soberania de Deus.

Deuteronômio 6:16 – Não Testar a Deus

"Não ponham à prova o Senhor, o seu Deus, como fizeram em Massá."

Jesus responde à tentação citando Deuteronômio 6:16, que faz referência ao episódio em Êxodo 17:1-7, onde os israelitas testaram Deus ao exigir água no deserto. A resposta de Jesus reforça que confiar em Deus significa aceitar Sua vontade sem exigir sinais ou milagres.

Hebreus 4:15 – Jesus Como Nosso Sumo Sacerdote

"Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém sem pecado."

Hebreus 4:15 destaca que Jesus foi tentado em todas as coisas, mas sem pecado. Isso mostra que Ele compreende nossas fraquezas e pode nos ajudar a resistir à tentação. A experiência de Jesus no deserto prova que Ele enfrentou desafios reais, mas permaneceu fiel ao Pai, tornando-se o exemplo perfeito para os crentes.

1 Coríntios 10:13 – Deus Sempre Proporciona um Escape

"Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar." 

1 Coríntios 10:13 afirma que Deus nunca permite que sejamos tentados além do que podemos suportar e sempre nos dá uma saída. A resposta de Jesus à tentação demonstra essa verdade, pois Ele usa a Escritura para resistir ao diabo e permanecer firme na vontade de Deus. Esse versículo nos encoraja a buscar força na Palavra e confiar que Deus nos capacita a vencer qualquer provação.

Mateus 4:5 se conecta a esses textos para reforçar que a verdadeira fé não busca testar Deus, mas confia Nele plenamente. A experiência de Jesus no deserto nos ensina que a Palavra de Deus é nossa defesa contra a tentação e que sempre há um caminho para resistir ao mal.

10. Original Grego e Análise Palavra por Palavra

Mateus 4:5 foi originalmente escrito em grego, e uma análise detalhada das palavras usadas pode revelar nuances teológicas e significados profundos.

Texto Original em Grego (Mateus 4:5)

Τότε παραλαμβάνει αὐτὸν ὁ διάβολος εἰς τὴν ἁγίαν πόλιν, καὶ ἔστησεν αὐτὸν ἐπὶ τὸ πτερύγιον τοῦ ἱεροῦ.

Análise Palavra por Palavra

  • Τότε (Tóte) – "Então"

    • Indica uma sequência temporal, conectando essa tentação à anterior.

  • παραλαμβάνει (paralambanei) – "Leva" ou "Toma"

    • Verbo no presente indicativo ativo, sugerindo uma ação contínua ou imediata.

    • Pode indicar um transporte físico ou uma visão espiritual.

  • αὐτὸν (autón) – "Ele" (referindo-se a Jesus)

    • Pronome acusativo masculino singular, indicando quem está sendo levado.

  • ὁ διάβολος (ho diábolos) – "O diabo"

    • Nome masculino singular, usado para Satanás como o adversário.

    • O termo διάβολος significa "acusador" ou "caluniador".

  • εἰς τὴν ἁγίαν πόλιν (eis tēn hagían pólin) – "Para a cidade santa"

    • εἰς (para) indica movimento em direção a um lugar.

    • ἁγίαν (santa) é um adjetivo feminino singular, qualificando πόλιν (cidade).

    • Refere-se a Jerusalém, o centro espiritual do judaísmo.

  • καὶ ἔστησεν αὐτὸν (kai estēsen autón) – "E colocou-o"

    • καὶ (e) conecta a ação anterior com esta.

    • ἔστησεν (colocou) é um verbo no aoristo indicativo ativo, indicando uma ação concluída.

  • ἐπὶ τὸ πτερύγιον τοῦ ἱεροῦ (epi tó pterýgion toû hieroû) – "Sobre o pináculo do templo"

    • ἐπὶ (sobre) indica posição elevada.

    • πτερύγιον (pináculo) pode significar uma extremidade ou projeção do templo.

    • τοῦ ἱεροῦ (do templo) especifica que se trata do Templo de Jerusalém.

Significado Teológico e Implicações

  • O uso de παραλαμβάνει ("leva") sugere que Jesus permitiu ser conduzido, reforçando que Ele não estava sob controle do diabo, mas permitindo o teste.

  • A estrutura da frase mostra que a tentação ocorre em um lugar de grande significado espiritual, destacando Jerusalém como um campo de batalha espiritual.

  • O verbo ἔστησεν ("colocou") indica que Jesus foi posicionado intencionalmente em um local de grande visibilidade, sugerindo que a tentação envolvia exposição pública e reconhecimento.

  • O termo πτερύγιον ("pináculo") reforça que a tentação envolvia um teste de confiança em Deus, pois se lançar dali exigiria uma intervenção divina para sobrevivência.

Mateus 4:5, portanto, não apenas descreve um evento físico, mas revela profundas verdades espirituais e teológicas, conectando Jesus à tradição bíblica e demonstrando Sua plena humanidade e divindade.

11. Conclusão

Mateus 4:5 é um versículo que carrega profundo simbolismo e significado espiritual, destacando a tentação de Jesus no deserto e a estratégia do diabo para desviar o Filho de Deus de Sua missão. Ao transportar Jesus para Jerusalém, a cidade santa, e colocá-Lo no pináculo do templo, Satanás tenta induzi-Lo a buscar reconhecimento público e testar a proteção divina de maneira imprudente.

Esse episódio nos ensina que:

  1. A tentação pode ocorrer em lugares de grande significado espiritual, como Jerusalém e o templo, mostrando que até ambientes sagrados podem ser cenários de provação.

  2. O inimigo pode usar a própria Escritura para enganar, distorcendo seu significado para justificar ações irresponsáveis.

  3. A verdadeira fé não exige provas externas, mas se manifesta na confiança e obediência a Deus.

  4. Jesus nos dá um exemplo de resistência à tentação, mostrando que a Palavra de Deus é a arma mais poderosa contra o engano.

Mateus 4:5 nos lembra que nem toda oportunidade de exaltação vem de Deus e que a confiança no Pai não deve ser baseada em demonstrações espetaculares, mas na fidelidade à Sua vontade. Assim como Jesus permaneceu firme, somos chamados a discernir as tentações em nossa vida e responder com sabedoria e fé.

 

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